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Yogini por Amor + instrutora por dedicação + massoterapeuta por vocação + caminhando com samtosha e exercitando compaixão.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Dores, monges e afins

Nada mais deprimente e ao mesmo tempo, possibilidade de despertar do que um passeio pelo hospital.
Estamos sempre com a agenda abarrotada de afazeres e com nossos planos para amanha, para toda uma semana ou um mes e esse amanha, talvez, seja na espera de um PS implorando por um analgésico, ou toda furada tomando um soro cheio de substancias coloridas. Deprimente.
Quem nunca passou por isso? Volta e meia somos pegos por um vírus, uma bactéria, ou uma dorzinha que nao vai embora e que parece nos matar.


Nos, Yogis ou Yoginis, torcemos o nariz para qualquer tipo de medicamento alopatico, pois sabemos que na natureza existe tudo que precisamos, mas na hora H, aquela em que a diarréia nao para, ou a febre toma conta, quero ver quem nao corre ate o carinha de jaleco branco pedindo socorro! Ervas? Que nada! Manda ver uma morfina logo!
Esses passeios que sao raros ao hospital, e infelizmente nao tao raros para algumas pessoas, servem como uma ótima reflexão da condição humana.



Coincidencia ou nao. antes de estar nessa situação "hospitalistica" no ultimo sábado, estava estudando o Tattva Bodha com a ajuda do audio da Gloria Arieira, e ela dizia que nosso corpo e chamado de Sharira, por vir da palavra Shirya que significa decomposição, aquilo que decai. Um dia bom, outro ruim. Ter corpo significa ter dor, porque dói. Porque incomoda e decompoe. Envelhece, adoece e morre. Sabia? Claro que sim, mas sera que ja tinha tomado um choque de realidade como uma epifania em que entram as pessoas que descobrem que tem um tumor raro inoperavel e poucos dias de vida?



Enquanto esperava na sala, eu com minha angustia, que claro do meu ponto de vista era a maior do mundo, pude reparar em algumas pessoas, cada uma com suas dores e lamurias, lagrimas e dores.
Naquele momento, eu me encontro rezando/mantrando em nome de todos aqueles que sofriam, naquela situacao, e em nome de todos aqueles médicos com olheiras e caras cansadas de longas jornadas de trabalho. Conseguimos imaginar o tamanho e o numero de pessoas que sofrem diariamente?

Chagando em casa, nao me restava nada a fazer a nao ser repouso como indicacao e surgiu a vontade de assistir um filme. A escolha nao podia ser melhor, DOGEN, a historia real do grande monge e sábio que levou o budismo verdadeiro para o Japão.

O filme ja se inicia com uma cremação da mae de Dogen quando ele tinha 12 anos. Ja nos mostra a verdade que perdemos quem amamos, inevitavelmente. Perdemos saúde, cabelo, pelo lisa, dinheiro, animais de estimação, posição social, empregos, perdemos coisas que nos sao preciosas.

Dogen ja bastante conhecido na idade adulta e monástica recebe a visita de uma prostituta com seu filho nos bracos, chorando e pedindo a ele que faca algo, pois ela sabe que ele esta morrendo.
Dogen diz a ela que ele tem a solucao.
Ela deveria ir em todas as casas da aldeia e encontrar uma família que nao tenha perdido um ente querido e pedir que lhe dessem uma semente de mostarda, e esta semente salvaria seu filho.

Essa mae, sai desesperada, passando por toda a aldeia, batendo de porta em porta, ate seu filho morrer em seus bracos e ela nao desiste, continua, procurando. Ate o momento em que ela nao acha ninguém e volta com o filho nos bracos, a roupa bem suja, rasgada e diz a Dogen que ele mentiu.
Outro monge vendo a situação, diz a ela que ele nao havia mentido so tinha provado que nao existe sequer uma pessoa que nao tivesse perdido alguém que ama.
Dogen pega o filho dela nos bracos e chora. Ela nao compreende as lagrimas do sabio e o monge diz que ele sofre pelo nosso sofrimento.

Essa e a realidade deste corpo, sofrimento pelo nascimento, doença e morte.
E nossa mente pode acessar a compaixão, pelo sofrimento dos outros.
Se você ja sentiu alguma dor, sabe ter compaixão quando vê alguem com dor. E deseja eliminar aquele sofrimento. O medico, alivia sedando. O monge, acordando, ensinando a verdade da vida, incontestável.
Real e inegável. Para todos os seres.
E que todos os seres possam ser felizes, nao e para isso que estamos aqui?
E saudáveis, dentro do possível, para vivenciar as maravilhas desse corpo físico.
E acordados, para nao nos apegarmos aquilo que perece.
E que tenhamos compaixão com todos que sofrem e possamos agradecer a todos os momentos maravilhosos em que desfrutamos da vida.
Harih Om









Um comentário:

  1. Coincidência ou não { risos }, ontem eu estava a refletir sobre a dor e sem pretensão acessei o blog quase agorinha. E, UAU!, Juju, como as forças do Universo nos trazem "pílulas" que complementam/reciclam/arejam nossos pensamentos...

    Falando em filme, sabadão passado, eu e namorado assistimos EU MAIOR e adoramos! Vou sugerir esse do Dogen =))

    B-joletas cintilantes

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